sexta-feira, março 08, 2013

Dia Mundial da Mulher 2013, por Ana Felix Garjan

 
 
A mulher ao longo dos tempos
Ana Felix Garjan*, 8/03/2013


"A história das mulheres ao longo dos tempos dificilmente poderá ser retratada, de modo completo, pois reúne elementos da história complexa e contraditória do desenvolvimento da humanidade. Fazendo recortes dessa história, destaca-se algumas das dimensões do papel das mulheres em vários períodos, tentando mostrar que existem avanços e retrocessos, porém muitas lutas e conquistas a serem reconhecidas e relatadas, no sentido de valorizar sua ação humanizadora e transformadora, fundamental para a civilização humana". (Felix Rosar, 2013).

Na pré-história, algumas mulheres eram reconhecidas como entidades sagradas. Grande parte dos deuses eram femininos. Nessa época, os homens eram nômades, saíam para buscar alimento, e as mulheres em bandos, ficavam cuidando dos filhos, em seu "lar pré-histórico".
 
A mulher e a sua política de ser e representar seus papéis em cada parte do planeta, fez dela própria na história da humanidade, a representante  de  importantes  processos de transformação da sociedade. Por isso, também, ao longo da história ela foi alvo de perseguição e exaltação pelos homens e instituições civis e religiosas por eles controladas, sendo considerada, paradoxalmente, como feiticeira, bruxa, demônio, deusa, anjo, santa, heroína. Mas, em sua maioria, passava fome, era vítima de violência e silenciada.
Durante milhares de anos as mulheres foram se dedicando ao trabalho com a terra, aos afazeres domésticos, aos cuidados com os filhos, mas foram 
impedidas de liderar o comércio, de ter acesso à leitura e à escrita, portanto, não tinham a chance de exercer atividades fora de casa.

No decorrer dos séculos XVIII, XIX e XX,  a mulher foi assumindo papel destacado em movimentos sociais e políticos e iniciou um processo mais coletivo de conscientização dos problemas de sua época. Também assumiu cada vez mais postos de trabalho nas fábricas. De um lado, as máquinas passaram a fazer  parte de sua liberdade para ganhar autonomia, entretanto ao mesmo tempo as mulheres se tornaram vítimas do sistema fabril e dos patrões que as consideravam apenas um instrumento de trabalho.
Sua luta pela igualdade custou-lhes a vida em muitas lutas realizadas, nas quais foram reprimidas com violência e morte.

No entanto, através dos séculos podemos constatar que os homens não caminharam sozinhos. Em todas as civilizações tiveram suas cúmplices de sonhos e realizações, tanto para executar projetos em prol do bem, quanto para a destruição da humanidade.
Para prestarmos uma homenagem mais abrangente às mulheres, temos que registrar  alguns nomes de diversas épocas: as revolucionárias, as rainhas, as condenadas às fogueiras da Idade Média, as vítimas atuais da exploração do mercado de consumo. 

Da Grécia aos dias atuais, destacam-se as mulheres filósofas, cientistas, escritoras, políticas, jornalistas, educadoras, religiosas, governantes e de inúmeras áreas de atuação profissional. Na contemporaneidade, a mulher tem sido grande conquistadora no mundo por ter demonstrado sua inteligência e convencido as instituições políticas de sua capacidade e competência com excelência, em muitos campos do saber, das profissões e do conhecimento.

No dia-a-dia, há muitas Madres Tereza de Calcutá desconhecidas. Apesar das guerras tão terríveis e insanas em vários países, mulheres e homens em todo o mundo, manifestam sua humanidade e solidariedade, em vários espaços. Ainda assim, existem mulheres que vivem e sofrem como na época da Santa Inquisição, quando Branca Dias foi condenada à fogueira.

Quantas mil mulheres trabalham e estudam para superar seus limites? Não são indispensáveis as mulheres independentes porque a dignidade e a ética são as suas bandeiras mais importantes?


Homenageamos as mulheres, sua capacidade de enfrentar e superar todos os limites, a força e estética feminina que consegue construir importantes marcos na sociedade mundial, notadamente, na área da educação, ciência e cultura.

Breves exemplos são resgatados para lembrar ao mundo que o poder feminino tem sido reconhecido em  diversos setores, organizações e governos, a partir dos papéis que as mulheres representam tanto em suas próprias vidas como em suas funções sociais.

Não importa sua idade, sua etnia, seu credo, ela pode ser a grande porta-voz das concepções humanistas junto aos seus companheiros, à sua família, no seu trabalho. A essência da mulher sempre foi e continuará sendo algo imutável em todas as Eras, Milênios, Épocas, Séculos e Décadas, pois ela carrega consigo o belo e único dom da maternidade.

Neste mês político das mulheres, março de 2013, nossa carinhosa homenagem às mulheres brasileiras e do mundo, nas suas diversas circunstâncias de vida.

Desejamos destacar, de forma especial, as mulheres que tiveram efetiva contribuição para o desenvolvimento da sociedade brasileira, ao longo de cinco séculos. Em grande parte, de forma anônima, as mulheres do Brasil, têm feito e realizado grandes revoluções, seja em vilas, cidades, estados, sem perderem a essência do seu Ser, sua visão política de mundo, sua ética e sua responsabilidade social.


No início do século XXI, redefiniu-se seu papel na sociedade global. Atualmente, neste ano de 2013, muitas mulheres têm se destacado como produtoras intelectuais em prol das mudanças e transformação da nossa sociedade.

Pesquisamos algumas datas e dados importantes sobre mulheres do nosso país que se destaque nas décadas do Século XX:

"Em 1914 - A jovem Eugênia Moreira se torna, aos dezesseis anos, a primeira repórter do Brasil;


Em 1917 - Anita Malfati expõe em uma mostra que antecedeu a "Semana de Arte Moderna", em 1922;

Em 1917 - A professora feminista Leolinda Daltro lidera uma passeata a favor do direito ao voto pelas mulheres brasileiras;

Em 1918 - Maria José de Castro Rabelo Mendes é a primeira Diplomata do Brasil;

Em 1918 - A bióloga Bertha Lutz publica em Revista, uma carta em que divulga a organização de uma associação de mulheres pela independência e pelo voto feminino;

Em 1919 - É construído um busto em homenagem a Clarice Índio do Brasil, que morreu vítima de violência urbana, no Rio de Janeiro;

Em 1919 - A ativista Elvira Boni Lacerda lidera a greve das costureiras no Rio;

Em 1922 - A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino do país é fundada e realiza o I Congresso Internacional Feminista, no Rio de Janeiro;

Em 1927 - Celina Guimarães Viana se torna a primeira eleitora, no Rio Grande do Norte;

Em 1933 - Almerinda Farias Gama é a primeira mulher a votar na eleição dos representantes classistas para a Assembléia Nacional Constituinte;

Em 1938 - Maria Bonita, mulher de Lampião, morre em confronto com a polícia, em Pernambuco;

Em 1944 - Um grupo de enfermeiras segue para Nápoles na Segunda Guerra Mundial;

Em 1947 - Elisa Branco, ativista da Federação de Mulheres, é presa por causa de sua atuação nas campanhas contra a carestia da época;

Em 1950 - A operária e militante Angelina Gonçalves é morta a tiros pela polícia durante manifestação da Campanha O Petróleo É Nosso, no dia 1º de maio;

Em 1950 - É fundada a Associação Brasileira de Mulheres Médicas;

Em 2000 - Tem início, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o Centro de Estudos do Genoma Humano, coordenado pela geneticista Mayana Zatz".

( CHAUÍ, PINÕN e SCHUMAHER. IN: KAZ, Leonel e LODDI, Nigge. Século XX A  Mulher Conquista o Brasil. São Paulo, Ed. Aprazível Edições, 2006.

 

Esses exemplos acima põem em evidência o esforço feito por mulheres que, individual e coletivamente trabalharam e trabalham e fazem avançar a história do país, apesar dos limites institucionais existentes, provando que sempre será possível a superação de padrões societários cristalizados, se a perspectiva de transformação da sociedade estiver definida pela noção do bem-estar coletivo. 
______________________

* Ana Felix Garjan, socióloga, escritora, poeta, artista plástica,
diretora e curadora de arte dos Grupos ARTFORUM Brasil XXI - 13 anos.


 
Brasil, 8 de março de 2013
Grupos ARTFORUM Brasil XXI
 
Revista Planetária - ArtForum Internacional
Coordenação de edição:
Ana Maria Felix Garjan

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