terça-feira, setembro 30, 2014

São Luís do Maranhão: História, cultura e arte

Dialogando com o príncipe dos poetas, na ilha de São Luís.

                                                            Ana Maria Felix Garjan*

Gonçalves Dias, 191 anos de nascimento: escute nossos poemas!
São Luís 402 anos: escute os tambores, veja nossa arte, sinta nossos amores!

Gonçalves Dias, poeta caxiense, maranhense, brasileiro, escute nossos poemas em tua homenagem. Tua poesia atravessa cidades, países e continentes do mundo, que se unem em torno de tua obra eterna!

São Luís 402 anos de fundação, escute cidade rebelde, os tambores, o canto afro-religioso das caixeiras do Divino! Veja nossa arte, sinta nossos amores, poesia, literatura e coreografias! Escute os fortes sons vibrantes dos bumba-bois nos terreiros, ruas e calçadas! Admire, do alto daquele mirante, os belos barcos antigos a vela, no nosso Rio Anil! E os belíssimos fins de tarde com pôr-do-sol vibrante, sob o olhar sensível de teus amantes que atravessam as pontes para admirarem tua luz dourada, amarela, laranja e vermelha na Praia de São Marcos, na bela Avenida Litorânea e no Espigão da Ponta D’Areia, no final da Península de São Luís, local de onde podemos ver muitos prédios construídos e outros em construção...

Mas até quando esse pedaço da ilha vai suportar tantos prédios em concreto, ferro, gesso, equipamentos e milhares de carros a circular?  Talvez a grande serpente que envolve São Luís acorde com o peso sobre sua cabeça e sua cauda e assombre a Lagoa de Ana Jansen.

... E daquela janela de uma bela torre, do lado poente da ilha, muitos entardeceres foram vistos, sentidos e fotografados sob olhares sensíveis, que retrataram os mergulhos do sol no Atlântico..., em suas ondas que levaram o poeta caxiense para uma viagem além-mar, da qual jamais iria retornar...

A obra do poeta Antonio Gonçalves Dias é grandiosa e, portanto, universal! Todas as homenagens, odes, sinfonias, cantos e espetáculos são representações e aproximações à sua obra que conquistou imortalidade, a partir de sua história de vida e da vida de sua obra literária, cuja gênese ocorreu em um pequeno povoado de Caxias, em 10 de agosto de 1823.

Dos séculos passados à atualidade, são muitos os autores que se dedicam a analisar o valor literário dos escritos de Gonçalves Dias, sob a forma de poesias e peças teatrais, buscando identificar as relações entre o mundo exterior e interior, que suscitaram a sua inspiração e sua forma surpreendente de produzir objetos poéticos mesclados de elementos objetivos, simbólicos e imaginários, como a Canção do Exílio, cuja matriz se tornou clássica e reproduzida por muitos autores da segunda geração de românticos, como Casimiro de Abreu, seguido de poetas e escritores modernistas, como Carlos Drummond de Andrade e críticos, como Chico Buarque de Holanda.

A Canção do Exílio foi recriada e parodiada por inúmeros poetas modernistas, segundo alguns autores. Seus versos estão citados no Hino Nacional Brasileiro, nas estrofes: “Nossos bosques têm mais vida,/ Nossa vida, mais amores”.

Destacamos algumas releituras e citações que o imortal Antônio Gonçalves Dias recebeu, através de poetas brasileiros, tais como:
Canção do Exílio - Casimiro de Abreu
Canto de Regresso à Pátria - Oswald de Andrade
Europa, França e Bahia - Carlos Drummond de Andrade
Nova Canção do Exílio - Carlos Drummond de Andrade
Canção do Exílio - Murilo Mendes
Canção do Expedicionário - Guilherme de Almeida
Uma Canção - Mário Quintana
Jogos Florais I e II - Antônio Carlos de Brito (Cacaso)
Canção de Exílio Facilitada - José Paulo Pais
Lisboa: Aventuras - José Paulo Pais
Sabiá - Letra de Chico Buarque de Holanda e música de Antônio Carlos Jobim
Terra das Palmeiras – Taiguara
Pátria Minha - Vinícius de Moraes
Segundo Sylvia Helena Cyntrão, autora da dissertação A ideologia nas canções de exílio: ufanismo e crítica (1988), Gonçalves Dias não apenas traduziu o furor ativista da pós-independência ou o sentimento saudosista de um jovem exilado em Coimbra. O poeta falou de emoções universais profundas, transcendendo espaço e tempo: seu lirismo interno abriu caminhos na sensibilidade do século XIX, perpetuando-se até os nossos dias. (Cyntrão, 1988, p.26).

Não há, é claro, a continuidade de uma mesma vertente de romantismo e de nacionalismo, nos trabalhos dos poetas contemporâneos, sobretudo aqueles que realizaram seu trabalho literário de cunho político, na época do combate ao obscurantismo implantado pela ditadura militar. Entretanto, a revisitação ao tema do exílio deixa entrever que, pelas lentes originais de Gonçalves Dias, foi apreendido e explicitado um tema recorrente, que expressa sob ângulos diversos, a própria condição humana em busca de um porto seguro, simbolizado pela terra de nascimento, pela pátria, pela própria morada talvez, compreendida em seu sentido mais subjetivo.

Esse poeta de origem mestiça, marcado pelo estigma do preconceito racial e social, projetou-se no cenário da literatura nacional, sendo considerado o fundador do romantismo e um integrante da corrente do indianismo e, mais do que isso, o precursor do movimento de nacionalização da literatura brasileira, ainda que também possa se identificar um viés, resultado de sua ampla formação cultural, em que se externava um certo nacionalismo, que não abdicava do diálogo com a produção literária dos seus contemporâneos ibéricos, a quem buscara conhecer em sua estada em Coimbra, ainda quando cursava a Faculdade de Direito e, também, quando percorreu diversos países europeus em missões científicas.

Ainda que estivesse dialogando com seus pares, quando em 1846, lança sua primeira obra literária, realça seu desejo de não se deixar aprisionar pelos padrões da estética literária da época.  Faz mesmo uma declaração de “independência”, ao afirmar “menosprezo pelas regras de mera convenção” ao escrever o prólogo de seu livro, lançado com seus próprios recursos. 

Ainda dialogando com o poeta caxiense.

Escute meu poeta:

Caxias segue seu destino, há novas instituições, e uma delas, a mais nova, homenageia o nome do caxiense Gonçalves: Espaço Cultural Gonçalves Dias, para que o nome do poeta e sua obra estejam em diálogo silencioso, no mesmo espaço onde estão obras de autores caxienses, ludovicenses, maranhenses, brasileiros, latino-americanos e de países da Europa, para que se produza uma amálgama composta pela poesia com todas as artes, em prol da cultura, além do horizonte do Morro do Alecrim, onde resistem ao tempo as ruínas da Balaiada, que elevou a história de Caxias no cenário nacional.

Antônio Gonçalves Dias, nós te homenageamos a cada visita realizada por professores, alunos universitários, pesquisadores, jornalistas, meios de comunicação, professores e alunos de escolas municipais de Caxias e de outros pequenos municípios, bem como representantes institucionais caxienses, maranhenses e de outros estados, que visitam esse espaço que compõe o panorama cultural de Caxias e do Maranhão, através de sua programação cultural e científica. És nosso Patrono maior!

Gonçalves escute: há teus seguidores que cantam seus amores, que são apaixonados, como eu, pela ilha de São Luís, onde viveste embalado de amor por tua musa! Neste mês de setembro, houve um grande movimento de instituições, associações, poetas, artistas plásticos, fotógrafos, escritores, jornalistas, meios de comunicação e muita gente que te ama e homenageia, nessa importante cidade histórica e cultural, repleta de contradições sociais, urbanas e de diversas ordens. Aos poucos, discorreremos sobre os diversos aspectos da “ILHA DO MARANHÃO”, mas encerramos essa narrativa com as palavras de Claude d’Abbevville, registradas no livro “Sur La France Équinoxiale”:  

Passado, Presente – Hoje

Gonçalves Dias completou, no tempo, 191 anos de nascimento.  São Luís completou, em seu tempo de história e cultura, 402 anos. Seus nomes estarão sempre unidos na sinergia do tempo, entre o passado, o presente e o amanhã – futuro. E nós do Grupo ARTFORUM Brasil – Núcleo do Maranhão registraram no período de setembro a novembro, os 14 anos da 1ª Bienal Multicultural do Maranhão, que foi realizada no período de setembro de 1999 a janeiro de 2000, intitulada “Sinergia do Tempo: Passado, Presente, Futuro”, em homenagem a São Luís – Patrimônio Cultural da Humanidade e aos 5 séculos de fundação do Brasil, pela Coroa Portuguesa.

Enfim Gonçalves, Deus escutou tua prece, e nós também oramos por São Luis, pelo Brasil e pela Paz da humanidade, nesse tempo de guerras violentas que matam crianças, jovens e sonhos de liberdade.  “Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá”. E ainda avistastes as terras e palmeiras do teu Maranhão.

Que Deus não permita que haja mais violência nas florestas, vilas, ruas e cidades do Brasil e do mundo! Que a cultura de Paz se espalhe pelo mundo, com urgência!


Tributo à ‘Canção do Exílio’, de Gonçalves Dias

                                     Por Ana Maria Félix Garjan


Onde havia teus pássaros, belas aves e palmeiras cantadas por ti, Gonçalves Dias,
Há queimadas, tuas palmeiras já morreram, os teus sabiás estão quase mudos;
Nosso céu está cinzento, a poluição é grande no Maranhão e no nosso planeta
Mas ainda vemos estrelas que miram os seres da terra; imaginamos o teu céu;

Nossos bosques estão desmatados, nada pode ser feito, não há lei, não há paz;
As leis não impedem queimadas das florestas, e os homens maltratam os animais;
Eu também fico a cismar, até onde o homem destruirá nossa natureza, teus Sabiás...
Ainda há várzeas, rios, palmeiras onde cantavam as aves que gorjeavam aqui, e lá;

Nossas vidas, nossos amores estão na corrida contra o tempo das contradições, Dias!
Os prazeres dos homens são perigosos para os inocentes, há muita violência no mundo;
Os governos, as religiões, pessoas, grupos e instituições sofrem perturbações
O mundo está confiante na renovação, não queremos guerras, pedimos paz às nações;

Em nossa terra ainda buscamos ‘primores’, desejamos ouvir o canto dos teus Sabiás,
Queremos que mil poemas corram o mundo, que haja tempo de renovar tua memória!
O teu ‘Canto do Exílio’ é uma declaração de amor e respeito à natureza daqui e de lá.
Tua vida, nossas vidas estão escritas neste livro, onde poetas cantam versos para ti!
Que Deus permita que possamos viver nossos amores e artes, ao som de ventos e brisas
E que possamos renascer e contribuir com a natureza, para salvarmos nosso planeta!


São Luís, cidade amada por Gonçalves e por nós.

Enfim São Luís, que Deus escute nossas preces, as preces dos teus filhos, filhos adotados e amigos apaixonados por tua cultura. Que haja mais organização em teu solo, que tuas águas sejam mais limpas, que teu patrimônio seja cuidado, zelado, respeitado. Que teu povo conquiste todos os seus direitos sociais como cidadãos ludovicenses, maranhenses e brasileiros. Que o governo do município e o governo do estado sejam portais maiores do desenvolvimento de São Luís e de todas as cidades! E que um grande caminho seja iniciado rumo ao teu futuro, que começou em julho de 1612, através das ações de La Ravardière e François de Razilly, quando organizaram a construção do Fort Saint-Louis e fizeram diversas viagens de exploração ao Maragnon.

Que teu futuro seja justo e feliz, São Luís!




[*] *Ana Maria Felix Garjan é Embaixadora da Paz, pelo Cercle Univ. Ambassadeurs de la Paix/FRANCE / SUISSE, 2012;  Manifesto Verde pela Paz da Humanidade e do Planeta: http://www.cidadeartesdomundo.com.br/MV.html
Socióloga, escritora, poeta, ensaísta, pesquisadora em arte, artista plástica;  Membro Fundador da Academia Caxiense de Letras - ACL, ocupante da cadeira nº 15,  patrono Antônio Gonçalves Dias, 1998; Sócia Efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, ocupante da cadeira nº 34, patrono Aderson Ferro 2013; Membro Correspondente da Academia Ludovicense de Letras – ALL, 2014; Diretora de Cultura e Comunicação do Espaço Cultural Gonçalves Dias – ECGD, 2013. Seus poemas a Gonçalves Dias e textos foram publicados em blogs e sites. Participou e participa de antologias poéticas, literárias e de arte, no Brasil e em outros países, a partir de 2001, quando participou da antologia: “Poesia pela Vida”, organizada pela UNIVERSUS, Trento – Itália.

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